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Bater o Cowboys é "Missão Impossível"? Nem tanto!

No dia 25 de agosto, ainda pela pré-temporada, o torcedor do Dallas Cowboys sofreu um baque quando Tony Romo, seu quarterback titular, sofreu uma contusão nas costas. As previsões iniciais davam um tempo de recuperação entre seis a oito semanas para Romo. Caberia ao novato Dak Prescott a responsabilidade de conduzir a franquia, que vinha de um decepcionante desempenho de 4-12 na temporada de 2015.
Apesar do bom desempenho de Dak nos seus primeiros snaps de pré-temporada, nem o mais otimista fã do Cowboys imaginaria que sua equipe fecharia a temporada 13-3, e que o desempenho de Prescott seria tão bom que Romo, veterano de mais de 10 anos na liga, amargaria o banco mesmo depois de saudável. Agora, o Cowboys chega aos playoffs com o segundo melhor desempenho da liga e o time a ser batido na NFC.
Impossível de ser batido? Longe disso. Apesar de dominante, o Cowboys mostrou certas fragilidades ao longo da temporada, e muitas de suas vitórias foram apertadas ou estavam sob risco até os minutos finais. Antes de ver o que é preciso fazer para bater o Cowboys, vamos entender o que os comandados de Jason Garrett fizeram de tão bem para garantirem vantagem de mando ao longo dos playoffs.
O que fez do Cowboys uma equipe 13-3
Ataque
No ataque, o Cowboys apresenta um plano de jogo claro e extremamente efetivo: sempre que possível, a equipe procura forçar a corrida com Ezekiel Elliott e a melhor liga ofensiva da liga, eventualmente aproveitando de um comprometimento excessivo da defesa com o jogo terrestre para encaixar leituras fáceis para Prescott em jogadas de play action ou fake toss.
Um exemplo? O único touchdown do Cowboys contra o Giants no que foi a segunda derrota da equipe na temporada. Repare como os linebackers e o free safety Andrew Adams saem de suas posições para evitar o que parece ser uma corrida lateral de Elliott (que já havia registrado 5 corridas até então na campanha). Com isso, uma grande área fica completamente livre para Terrence Williams, que não precisa fazer nada mais do que correr para a endzone sem qualquer tipo de marcação.


Em situações claras de passe, a equipe procura não complicar muito: screens e rotas curtas tipicamente fazem parte das jogadas. Tanto assim que a conversão de third downs da equipe precisando de 6 ou mais jardas é bem próxima à média da liga – 29% e 27%, respectivamente. O grande trunfo da equipe é justamente evitar se colocar em situações do tipo. Prova da cautela do Cowboys é que os recebedores mais acionados por Prescott nas chamadas 3rd and long são o tight end Jason Witten e o wide receiver Cole Beasley, que tipicamente se alinha no slot (por sinal, Cole Beasley tem a impressionante marca de apenas 1 recepção onde a bola viajou mais de 20 jardas no ar). Isso mostra que Prescott valoriza segurança e procura evitar grandes riscos, o que levou à belíssima taxa de 23 touchdowns e apenas 4 interceptações.
Defesa
A defesa do Cowboys, na maior parte da temporada, se viu obrigada a constantemente lidar com o passe. A diferença é muito visível: os adversários da equipe executaram 633 jogadas de passe (3ª maior marca na NFL) contra míseras 340 jogadas de corrida (menor valor na liga). Alguns fatores são preponderantes para tamanha diferença. Entre eles, podemos citar que o Cowboys tipicamente abria vantagem cedo nos jogos e gastava muito relógio em suas campanhas ofensivas. Assim, os adversários se viam forçados a executar campanhas rápidas e, com a urgência de igualar o marcador, utilizavam o passe em maior frequência. Fora isso, foram diversas as contusões na secundárias do Cowboys ao longo do ano, com destaque para o cornerback Morris Claiborne e o safety Barry Church.
O sistema defensivo do Cowboys é bem conservador. O time tem uma defesa com base 4-3 (4 defensive linemen, 3 linebackers e 4 defensive backs) ou 4-2-5 (4 defensive linemen, 2 linebackers e 5 defensive backs, no chamado nickel package). São raras as blitzes, e, quando chamadas, elas costumam ser blitzes “tradicionais”, com um linebacker ou o nickel corner fazendo pressão extra no pocket.
A defesa do Cowboys não muda muito seu visual. Eventualmente, a equipe apresenta chamadas de Cover-3, onde três jogadores são responsáveis pelas faixas profundas, e Tampa 2, quando o middle linebacker é responsável por marcar rotas profundas no meio do campo. Contudo, o esquema mais comumente utilizado pelo coordenador defensivo Rod Marinelli é a Cover-2, marcação em zona que conta com 2 defensores em faixas profundas e 5 defensores em zonas intermediárias.  Para entender a Cover-2 em ação, vejamos um exemplo de uma jogada contra o Pittsburgh Steelers, em duelo válido pela Semana 10:

Alguns pontos a se destacar:

Tipicamente liderando, a defesa também procura não tomar grandes riscos: times tipicamente não têm dificuldade em usar e abusar do passe contra o Cowboys, que cedeu mais de 4000 jardas aéreas. Contudo, são poucas as big plays porque os jogadores executam sua função bem, e evitam grandes ganhos. O contra-peso disso é que, ao adotar uma postura conservadora, os turnovers não aparecem tão frequentemente: são apenas 20 em 16 jogos no ano, colocando a equipe na metade inferior em relação ao resto da liga no quesito. Interceptações, em particular, são raras: apenas 4 equipes tiveram menos do que as 9 INT’s obtidas pelo Cowboys em 2016.
Agora que entendemos um pouco melhor o que o Cowboys faz dos dois lados da bola, fica claro que a missão mais complicada é parar o prolífico ataque da equipe, e é isso que analisaremos em maior profundidade no nosso próximo post.

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